quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Parte II - Rio Pitinga - Peixes/Simuliidae


Tabela 1a – Material ictiológico coletado no Rio Pitinga / Cachoeira 40 Ilhas – Amazonas.
  
Familia
Gênero /
Espécie
1ª.
Coleta
(01.98)
2ª.
 Coleta
(04.98)
3ª.
Coleta
(07.98)
4ª.
 Coleta
(10.98)
Totais
ANOSTOMIDAE
Leporinus fasciatus
11
18
21
29
79
ANOSTOMIDAE
Leporinus pachycheilus
1
-
-
1
2
ANOSTOMIDAE
Leporinus agassizi
1
6
-
23
30
ANOSTOMIDAE
Leporinus friderici
-
6
-
26
34
ANOSTOMIDAE
Laemolyta sp.
-
8
-
26
18
ANOSTOMIDAE
Anostomoides laticeps
-
5
-
7
12
sub-ubtotals cf. blochiis,19total
-
13
47
29
86
175
CICHLIDAE
Geophagus surinamensis
5
-
6
24
35
CICHLIDAE
Satanoperca jurupari
2
5
5
32
44
CICHLIDAE
Cichla temensis
-
2
-
8
10
CICHLIDAE
Cichla sp.
-
1
-
2
3
sub-total
-
7
8
11
66
92
LORICARIIDAE
Spatuloricaria sp.
11
2
2
-
15
LORICARIIDAE
Hypostomus sp.
22
28
6
30
86
LORICARIIDAE
Pseudancistrus cf. barbartus
-
2
-
-
2
LORICARIIDAE
Peckoltia sp.
1
-
-
-
1
sub-total
-
34
32
8
30
104

Tabela 1b – Material ictiológico coletado no Rio Pitinga / Cachoeira 40 Ilhas – Amazonas.

Familia
Gênero / Espécie
1ª. Coleta
(01.98)
2ª. Coleta
(04.98)
3ª. Coleta
(07.98)
4ª. Coleta
(10.98)
Totais
PIMELODIDAE
Pimelodus cf. blochii
3
6
2
5
16
sub-total
-
3
6
2
5
16
SERRASALMIDAE
Metynnis hypsauchen
-
12
2
-
14
SERRASALMIDAE
Myleus sp.
-
4
-
-
4
SERRASALMIDAE
Myleus schomburgki
-
-
-
1
1
SERRASALMIDAE
Catoprion mento
-
4
-
-
4
SERRASALMIDAE
Serrasalmus rhombeus
4
4
12
-
20
sub-total
-
4
24
14
1
43
PROCHILODONTIDAE
Prochilodus nigricans
-
7
-
-
7
sub-total
-
-
7
-
-
7
CURIMATIDAE
Curimata roseni
-
4
-
-
4
sub-total
-
-
4
-
-
4
SCIAENIDAE
Plaginscion squamosissimus
1
-
-
-
1
sub-total
-
1
-
-
-
1

Tabela 1c – Material ictiológico coletado no Rio Pitinga / Cachoeira 40 Ilhas – Amazonas.

Familia
Gênero /
 Espécie
1ª. Coleta
(01.98)
2ª. Coleta
(04.98)
3ª. Coleta
(07.98)
4ª. Coleta
(10.98)
Totais
HEMIODONTIDAE
Hemiodus argenteus
12
4
4
14
34
HEMIODONTIDAE
Hemiodus unimaculatus
-
-
-
22
22
sub-total
-
12
4
4
36
56
CTENOLUCIIDAE
Boulengerella cf. lucia
-
2
-
-
2
sub-total
-
-
2
-
-
2
CHARACIDAE
Tetragonopterus chalceus
5
-
-
-
5
CHARACIDAE
Triporteus cf. rotundatus
7
-
-
-
7
CHARACIDAE
Argonectes scapularis
-
3
-
-
3
sub-total
-
12
3
-
-
15
TOTAL
-
86
137
68
224
515



Tabela 2 – Espécies de peixes que predaram imaturos de simulídeos (Rio Pitinga / Cachoeira 40 Ilhas – Amazonas).
  

Familia

Espécie

Nome
 Comum

Número
 Total
 Coletado
Número
Total
 Com
 Simulídeos
 (%)
ANOSTOMIDAE
L. fasciatus
Aracu
79
44 (55,69%)

L. pachycheilus
Aracu
2
01 (50%)
CICHLIDAE
S. jurupari
Acará
44
37 (84,09%)

G. surinamensis
Acará
35
22 (62,85%)
LORICARIIDAE
Spatuloricaria sp.
Cachimbo
15
13 (86,66%)

Hypostomus sp.
Bodó
86
03 (3,48%)
CHARACIDAE
T. chalceus
Piaba
5
05 (100%)
SERRASALMIDAE
M. hypsauchen
Pacu
14
04 (28,57%)

Myleus sp.
Pacu
4
03 (75%)

M. schomburgki
Pacu
1
01 (100%)
PIMELODIDAE
P. cf. blochii
Mandi
16
13 (81,25%)
TOTAIS


301
143

Do total de 515 peixes coletados, 143 (27,76%) apresentaram simulídeos no trato digestivo. e 301 (58,44%) pertenciam a espécies que foram encontrados simulideos nos tratos digestivos. Aparentemente simulídeos fazem parte significativa da alimentação normal da maior parte das espécies que foram coletadas com presença no trato digestivo, pois isto aconteceu com 81,81% (9/11).
O aparente grande esforço alimentar em simulideos, por meio dos peixes, demonstra a importância dos mesmos na cadeia trófica do rio Pitinga, Cachoeira 40 Ilhas.  

Figura 16 – Famílias de peixes que predaram imaturos de simulideos




Figura  17 - Leporinus fasciatus (ANASTOMIDAE)


Figura 18 - Leporinus pachycheilus (ANASTOMIDAE)


Figura 19 - Myleus schomburgki (SERRASALMIDAE)


Figura 20 - Myleus sp. (SERRASALMIDAE)


Figura 21 - Methynnis hypsauchen (SERRASALMIDAE)


Figura 22 - Tetragonopterus chalceus (CHARACIDAE)


Figura 23 - Pimelodus cf. blochii (PIMELODIDAE)


Figura 24 - Hypostomus sp. (LORICARIIDAE)



Figura 25 - Spatuloricaria sp. (LORICARIIDAE)


Figura 26 - Geophagus surinamensis (CICHLIDAE)


Figura 27 - Satanoperca jurupari (CICHLIDAE) * - Fonte da Ilustração: Peixes Comerciais do Médio Amazonas.



Encontramos três espécies de simulídeos no conteúdo digestivo dos peixes: Thyrsopelma guianense, Psilopelmia iracouboense e Coscaroniellum quadrifidum
Todas as espécies de peixes com imaturos de simulideos no trato digestivo, predaram Thyrsopelma guianense. Somente no conteúdo digestivo das espécies Geophagus surinamensis (Cichlidae) e Pimelodus cf. blochii (Pimelodidae) foram encontradas 3 espécies de simulídeos; as espécies Leporinus fasciatus e Leporinus  pachycheilus (Anostomiidae), Myleus sp. (Serrasalmidae) predaram duas espécies de simulídeos: Thyrsopelma guianense e Psilopelmia iracouboense.


Tabela 3 – Espécies de peixes com as respectivas espécies de simulideos no trato digestivo – Rio Pitinga / Cachoeira 40 Ilhas – Amazonas (T.g. = Thyrsopelma guianense, P.i. = Psilopelmia iracouboense, C.q. = Coscaroniellum quadrifidum) (*)


Espécie / Exemplares
Número
Total
 com
 simulideos
 T.g.
P.i.
 T.g. + P.i.
T.g. + C.q.
L
.fasciatus
(79 ex.)
44   (55,69%)
24 (54,54%)
11     (25%)
09 (20,45%)
-
L
.pachychelius
(02 ex.)
01      (100%)
01   (100%)
-
-
-
S.
 jurupari
(44 ex.)
37   (84,09%)
25 (67,56%)
01  (2,70%)
11 (29,72%)
-
G.
surinamensis
(35 ex.)
22   (62,85%)
14 (63,63%)
03 (13,63%)
04 (18,18%)
01     (4,54%)
Spatuloricaria
 sp.
(15 ex.)
13   (86,66%)
03  (23,7%)
07 (53,84%)
03 (23,07%)
-
Hypostomus
 sp.
(86 ex.)
03     (3,48%)
03   (100%)
-
-
-
T.
 chalceus
(05 ex.)
05      (100%)
05   (100%)
-
-
-
M.
hypsauchen
(14 ex.)
04   (28,57%)
04   (100%)
-
-
-
Myleus
 sp.
(04 ex.)
03        (75%)
-
01 (33,33%)
02 (66,66%)
-
M.
schomburgki
(01 ex.)
01      (100%)
01    (100%)
-
-
-
P. cf.
 blochii
 (16 ex.)
13   (81,25%)
08 (81,25%)
03 (23,07%)
02 (23,07%)
01     (7,68%)

 (*) - Em um estudo feito, na mesma área, em outro projeto de pesquisa, foram obtidas as topografias de fixação da entomofauna nas plantas Podostemaceae, e isto poderá auxiliar a interpretação dos lugares preferidos para uma alimentação específica desta ictiofauna.



Pelas observações realizadas, das 11 espécies de peixes com imaturos de simulídeos no conteúdo digestivo, dez (10) apresentaram um número maior de Thyrsopelma guianense que foram: Leporinus fasciatus (30%), Leporinus pachycheilus (50%), Satanoperca jurupari (57%), Geophagus surinamensis (40%), Hypostomus sp. (97%), Tetragonopterus chalceus (100%), Metynnis hypsauchen (71%), Myleus sp. (25%), Myleus shomburgki (100%) e Pimelodus cf. blochii (50%). Tabelas. 



Através de informações junto à literatura Apresentam-se alguns comentários a respeito dessas espécies:


1-Leporinus fasciatus – O maior exemplar capturado no presente trabalho foi de 27,13 cm. É um peixe de meia água, caracterizado pelo corpo amarelado com 8 a 9 faixas escuras transversais sobre o tronco e 3 sobre a cabeça. Espécie carnívora, alimenta-se de invertebrados, principalmente de insetos, esta espécie  apresentou bastante alternância nos itens alimentares ao longo do período estudado ,porém no mês de outubro (explicar), notou-se o grande aumento de simulídeos no trato digestivo.

2-Leporinus pachycheilus – O maior exemplar foi de 24,3 cm, espécie de fundo, apresenta corpo alongado, boca estritamente inferior, 4/4 dentes incisivos não cuspidados , posicionado lado a lado e um padrão de colorido formado por faixas longitudinais e / ou manchas escuras sobre o corpo, esta espécie tem sido capturada somente nos rios com bastante correnteza. Esta espécie, nas quatro coletas, alimentou-se muito de simulídeos.

3-Satanoperca jurupari – Corresponde a um acará bastante comum em toda a Amazônia. O maior exemplar capturado durante a pesquisa foi de 18, 2 cm. Foi também capturado nos locais de fundo, espécie onívora, alimenta-se de larvas de insetos aquáticos, sementes de gramíneas.

4-Geophagus surinamensis – O maior exemplar foi de 15,2 cm de comprimento, peixe de fundo. Espécie amplamente distribuída ao longo do rio Solimões/Amazonas e curso inferior dos tributários, espécie onívora, alimenta-se de sementes, frutos, larvas de insetos e pequenos crustáceos e algas.

5-Spatuloricaria sp. – Corresponde a um “cachimbo” bastante conhecido, é um peixe de fundo e o maior exemplar capturado foi de 15,8 cm de comprimento, foi capturado nos locais de muita correnteza e com muita oxigenação. Alimenta-se de algas e de microorganismos aderidos ao substrato duro ou mesmo lama. 

6-Hypostomus sp. – O maior exemplar capturado foi de 18,3 cm de comprimento, conhecido vulgarmente por “bodó ou cascudo”, vive em diversos ambientes, desde trechos encachoeirados até poças de água estagnada.

7-Tetragonopterus chalceus – É um peixe de superfície, o comprimento máximo coletado foi de 13,2 cm. É popularmente conhecido como “piaba”, caracterizada basicamente pela presença de grande número de dentes, firmemente implantados nas duas maxilas. Alimenta-se de pequenos invertebrados 

8-Metynnis hypsauchen – O maior exemplar coletado foi de 15,0 cm de comprimento, conhecido como “pacu-marreca”, corpo bastante elevado, quase redondo, coloração prateada. Espécie onívora, alimenta-se de frutos, sementes e invertebrados.

9-Myleus sp. – O maior exemplar capturado no presente trabalho foi de 4,3 cm de comprimento. Caracterizado pelo corpo elevado, espécie herbívora, alimenta-se de frutos e sementes.

10-Myleus schomburgki – Espécie de médio porte conhecido popularmente por “pacu-jumento”, vive em corredeiras; o exemplar capturado foi de 22,3 cm de comprimento. Caracteriza-se por possuir uma faixa escura transversal sobre o flanco. Espécie herbívora, alimenta-se de frutos e sementes. 

11-Pimelodus cf. blochii – O comprimento máximo coletado foi de 16,3 cm de comprimento. É conhecido como “mandi” e caracteriza-se por possuir um espinho afiado nas nadadeiras peitorais e dorsal. Vivem em fendas de troncos e rochas, são principalmente noturnos.







Relação entre preferência das espécies de peixes para larvas e pupas de simulídeos



Foi observado, pelo exame dos conteúdos alimentares, que as espécies de peixes com maior número de exemplares coletados, como Leporinus fasciatus, Satanoperca jurupari, Spatuloricaria sp.  e Geophagus surinamensis, apresentaram uma maior atividade ou preferência em predar pupas em relação as larvas, demonstrando uma diferença estatisticamente significativa (p < 0,001 – teste de Mann-Whitney).                                                                                                              
 O mesmo foi verificado para espécie Pimelodus  cf.  blochii que apresentou uma maior quantidade de pupas nos seus conteúdos digestivos, com uma diferença estatísticamente significativa ( p < 0,005). Tetragonopterus chalceus, embora tenha predado maior quantidade de pupas em relação as larvas, não apresentou uma diferença estatisticamente significativa ( p = 0,500).
Foi verificado uma maior quantidade de larvas em relação a pupas no conteúdo digestivo das espécies Metynnis hypsauchen e Myleus sp., porém não foi evidenciado isto não foi estatisticamente significativo ( p = 0,500 teste Mann-Whitney).


Relação entre o tamanho dos peixes e o número de imaturos de simulídeos predados.

Através de uma correlação de Sperman realizada entre o tamanho (cm) das espécies de peixes coletadas em maior número e a quantidade de imaturos (larvas / pupas) para todas espécies de simulídeos observamos as seguintes correlações:

  
L. fasciatus
r = 0,250 p < 0,005
S. jurupari
r = 0,045
G. surinamensis
r = 0,265
P. cf. blochii
r = 0,517
T. chalceus
r = 0,800 p < 0,005
Spatuloricaria sp.
r = 0,540 p < 0,005



          Com estes valores, não existiu correlação para as primeiras espécies de peixes, porém observamos correlações significativas para as 3 últimas espécies. 




Espécies de simulídeos predadas     


Observamos que as espécies Leporinus fasciatus, Satanoperca jurupari e Geophagus  surinamensis predaram larvas e/ou  pupas das espécies Thyrsopelma guianense, Psilopelmia iracouboense e Coscaroniellum quadrifidum, (Diptera: Simuliidae). Verificamos no conteúdo digestivo das espécies de peixes acima, uma maior quantidade de larvas e pupas da espécie T. guianense, demonstrando haver uma preferência por predar essa espécie de simulídeo, com uma diferença  significativa (p < 0,001) da quantidade de larvas e pupas das espécies P. iracouboense e C. quadrifidum.
A espécie Pimelodus cf. blochii, segundo análise estatística (Mann-Whytney) não apresentou correlação positiva (p = 0,465) entre a quantidade de larvas predadas das espécies Thyrsopelma guianense e Coscaroniellum quadrifidum, porém apresentou uma maior quantidade de pupas predadas de T.guianense em relação a P.iracouboense, apresentando uma diferença estatisticamente significativa de (p= 0,003)
A espécie Spatuloricaria sp. predou apenas pupas de T. guianenseP. iracouboense, demonstrando que não ocorreu uma preferência significativa (p = 0,492), em predar alguma dessas duas espécies de simulídeos.
As correlações de Spearman com os fatores químicos (Gomes, S.A.Gomes & Py-Daniel, V., 2002) medidos nos criadouros de simulídeos, referente a população de peixes foi positiva para as seguintes famílias:
A família Characidae apresentou correlação positiva (p < 0,05) com os seguintes fatores: a com a turbidez da água, temperatura, amônia, sólidos totais em suspensão indicando uma maior ocorrência da família quando estes fatores se encontravam elevado.
A família Serrasalmidae  apresentou correlação ( p < 0,05) com a turbidez da água, cálcio indicando uma maior ocorrência da família quando estes fatores se encontravam em alta. 
A família Loricariidae apresentou correlação (p <  0,05) com os seguintes fatores: sódio, amônia e nitrito quando este se encontrava em maior quantidade. Indicando que esta família está presente em ambiente de maior turbidez de água e temperaturas  mais  altas.
A família Anostomidae apresentou correlação positiva (p < 0,05) com correlações com magnésio quando este se encontrava em maior quantidade.

O que podemos considerar como preferência alimentar para algumas espécies, na realidade, pode estar simplesmente relacionada com a área de repasto dos peixes, que em alguns casos pode estar relacionado com a idade do exemplar.

Ferreira (1992), quanto a Mylesinus paraschomburgki enfatiza que: “Os exemplares jovens de até 5 cm de CP apresentaram uma alimentação diferenciada da dos adultos, com larvas de insetos, principalmente chironomideos e trichópteros, sendo o principal alimento, a partir deste tamanho até cerca de 10cm, a presença de insetos vai diminuindo e aumentando a de vegetais, principalmente Podostemaceae. A partir de 20cm todos os exemplares se alimentam predominantemente de Podostemaceae.” Uma visão menos específica que a observada no Oiapoque (divisa Brasil e Departamento da Guiana Francesa) por Py-Daniel,V. & Jegú,M. (1996) , que plantas da família Podostemaceae (Rhyncholacis sp.) serviam de alimento para peixes, vulgarmente denominados “pacus” na Amazônia brasileira. É citado que estes peixes durante o seu desenvolvimento se alimentam em áreas diferentes destas plantas, ou seja, as formas jovens comem mais os ápices das plantas (aonde estão concentrados os imaturos dos simulideos) e as formas maiores que comem também nas áreas mais próximas aos caules (onde estão concentrados principalmente os lepidópteros, tricópteros e plecópteros). Sendo citado que as espécies tiradas dos conteúdos digestivos foram: Thyrsoplema guianense e Psilopelmia iracouboense. Sendo também comentado que exemplares de “pacu-cana” coletados ao longo da Bacia Hidrografica do Rio Trombetas, no Estado do Pará (Cachoeira Santa Rosa, rio Amanú, formador esquerdo do rio Trombetas; Cachoeira Seca, rio Poana, formador direito do Rio Trombetas; Cachoeira Alta ou São Pedro, rio Cachorro, afluente direito do Rio Trombetas), apresentaram no conteúdo digestivo, larvas e pupas das espécies T. guianense e P.iracouboense, sendo que os peixes se alimentavam a nível vegetal exclusivamente de Podostemaceae. As espécies de Podostemaceae da Cachoeira Alta ou São Pedro, no rio Cachorro, eram: Weddllina scamulosa Tuslane e Rhyncholacis varians Wedd.

Ferreira (1992,1993) cita que: “... Mylesinus paraschomburgki, que aparentemente desova nas corredeiras, uma vez que grande quantidade de formas jovens foram capturadas neste ambiente com o uso de timbó.”

"Segundo o relatório intermediário (setembro de 1993 a setembro de 1994) do Programa SOFT (numero 93192), do projeto: Biodiversité et Dynamique dês aquatiques associes aus Podostémacées em Amazonie Brésilienne (75 paginas) (financiado principalmente pelo Institut Français de Recherches Scientifiques pour le Développement em coopération, ORSTOM e pelo CNPq) quanto ao subprojeto Écologie de L´entomofaune associées aus podostemacées, nas páginas 18 a 35, os pesquisadores Py-Daniel,V. & Collart, O.O., apresentam primeiramente os resultados das coletas nas seguintes localidades: rio Pitinga (cachoeira 40 Ilhas, Travessão, Terceira queda), rio Urubu (Cachoeira Lindoia, Cachoeira Iracema), rio Uatumã (cachoeira Morena). Foram identificadas no rio Urubu (Cachoeira Lindoia), as seguintes espécies de simulídeos: Coscaroniellum quadrifidum, Coscaroniellum cauchense e Ectemnaspis rorotaense; e no rio Pitinga (Cachoeira 40 Ilhas) as espécies de simulídeos: Coscaroniellum quadrifidum, Coscaroniellum cauchense, Ectemnaspis rorotaense, Psilopelmia iracouboense, Cerqueirellum oyapockense e Thyrsopelma guianense. Py-Daniel, nas paginas 27-30 apresenta comentários sobre a entomofauna geral em Podostemaceae (Observations sur La systématique de l´entomofaune des podostémacées); nas paginas 30-31 apresenta comentários sobre as espécies encontradas nas cachoeiras estudadas nos rios Urubu e Pitinga (Considerations taxonomiques sur lês espèces de simulies trouvées a Urubu et Pitinga);    nas páginas 32-35 apresenta os resultados de um breve experimento (relativo a atividade hematofágia das fêmeas de T. guianense) feitos na Cachoeira 40 Ilhas, no Rio Pitinga [Analyse de L´activité de Thyrsopelma guianense (Diptera: Simuliidae: Culicomorpha) à Pitinga, 40 Ilhas.], sendo que este experimento (feito em 04.06.1994) demonstrou nitidamente que a atividade de picada para esta espécie foi bimodal (no inicio da manhã e no final da tarde), que foram coletadas proporções semelhantes entre nuliparas e pariparas (com uma leve predominância de pariparas [50ex. (45,45%) nuliparas e 60ex. (54,55%)]; e que a região corpórea (ser humano) preferencial de picada foi Perna/Pés (n=81 / 73,63%), seguida de Coxas (n=14 / 12,73%), de Tórax/Pescoço (n=13 / 11,82%) e Braços/Mãos (n=02 / 1,82%). Que nos períodos de maior atividade as condições climáticas apresentaram-se com nuvens ou chovendo. Que as variações térmicas no período de coleta foram entre 25 e 32 graus Célcius."

Santos,G.M. & Pinto,S.S. & Jegú,M. (1997), informam que os adultos de Mylesinus paraschomnburgkii alimentam-se basicamente de Podostemaceae, sendo que os jovens alimenta-se de larvas de insetos, associadas a estas plantas. Informa de que pequenas alterações na dieta, forma observadas no rio Pitinga, em que houve elevada frequenacia de insetos na alimentação dos adultos, e sugerem que o represamento de rios para formação de hidroelétrica “...constitui séro risco a sobrevivência destes organismos nestas áreas.” Os rios observados foram (rio Trombetas [PA], rio Pitinga [AM] e rio Araguari [AP]. A dieta nos rios amostrados é constituída basicamente de Podostemaceae, com índices variando de 81,8% a 99,6%.  A dieta. Nos cursos d´água estudados foi constituída basicamente de Podostemaceae (Araguari = 99,6%, Jari = 92,4%, Pitinga = 81,8% e Trombetas = 98,2%)., sendo que no Pitinga ocorreu nítida maior presença de insetos (15,5%). Sugerem que pelo desaparecimento, pelo represamento de outras cachoeiras neste rio, tenha ocorrido uma extrema concentração, na cachoeira estudada (terceira queda).

A espécie P. iracouboense (Floch e Abonnenc, 1946), no que se refere à área denominada de Escudo das Guianas, apresenta uma distribuição conjunta com T. guianense (normalmente sintópica), mas pode também ser encontrada, em alguns cursos d´água, em folhas de outros tipos de plantas (não necessariamente aquáticas, mas apenas em contato com a água), aonde a segunda espécie está totalmente ausente. (Foi observado para ambas as espécies, na Cachoeira 40 Ilhas – Pitinga, que elas quando eliminado o substrato preferencial - Podostemaceae – podem ocorrer em vegetais não aquáticas (troncos, galhos,folhas), que estejam em contato com a água, nas regiões de corredeiras e cachoeiras.

 Py-Daniel,V. & Jegú,M. (1996) informam que no Rio Uatumã, na Cachoeira 40 Ilhas (um dos locais trabalhados por nós neste trabalho) foram coletados exemplares de 3 espécies de Myleus, sendo que o M. pacu (Schomburgk,1841) e M. rubripinis (Müller & Troschel) apresentaram larvas de T.guianense e P. iracouboense e que M. schomburgki (Jardine, 1841), apenas larvas e pupas de T. guianense. A espécie de Podostemaceae no conteúdo digestivo dos peixes, era a que ocorreu na Cachoeira 40 Ilhas (Rhyncolacis hydrocichorium Tuslane).

Esta associação de simulideos com Podostemaceae também foi citada por Py-Daniel (1982) para Kempfsimulium simplicicolor e por Py-Daniel (1994) para Cerqueirellum argentiscutum.


Py-Daniel (1994) ressalta que as fases aquáticas (ovos, larvas e pupas) do gênero Thyrsopelma possuem uma extrema associação com plantas da família Podostemaceae, “que colonizam principalmente rochas de terrenos de características geológicas muito antigas (Escudos Pré-cambrianos das Guianas e do Brasil Central) e não ocorre em áreas do Terciário/Quaternário da Amazônia (aonde não existe este tipo de rocha e por conseqüência estas plantas)”, e indica que o controle das populações de T.guianense, é viável e restringe-se unicamente na retirada destas plantas, que se localizam em áreas de evidente turbulência, como corredeiras e cachoeiras, em cursos de água de porte médio a grande caudal, com incidência luminosa direta sobre o substrato. Sugere que, nas áreas oncocercóticas, estas plantas sejam retiradas dentro de um raio de 5 quilômetros de cada comunidade, como um auxilio na diminuição dos processos de transmissão." Ainda Py-Daniel,V (1994) fornece algumas informações gerais sobre Thyrsopelma e T. guianense: “...os criadouros de T. guianense são cursos de água de tamanho médio a grande, com incidência luminosa direta sobre os substratos.”. “É viável a utilização do controle manual (retirada das plantas), nos criadouros que estejam dentro de um raio de 5 quilômetros de cada comunidade que esteja sendo tratada com Ivermectina, como um manejo integrado para a eliminação da oncocercose.”
No entanto como ficou evidenciado neste trabalho, na Cachoeira 40 Ilhas, que ações antrópicas fizeram com que as populações de T. guianense demonstrassem plasticidade comportamental de colonização de substratos opcionais (folhas, galhos, troncos ao longo das correntes).



Tabela 4 - Relação de todos os exemplares de peixes coletados e seus tamanhos com a evidencia dos estádios imaturos de simulideos no trato  digestivo - (Rio Pitinga – Cachoeira 40 Ilhas – Amazonas – Janeiro de 1998) (T.g. = Thyrsopelma guianense; P.i. = Psilopelmia iracouboense; P = Pupa, L = Larva, NUMERO  DO EXEMPLAR = NUM do EXE; COMPRIMENTO = COMP.; ESPÉCIE DE SIMULIDEO = SP. DE SIM.). 

TAXON
NUM.
DO
 EXE
COMP.
(cm)
SP.DE SIM.
L.fasciatus
Ex. 01
23,8
P.i.[P(05)L(03)]

Ex. 02
25,2
T.g. [P(02)]

Ex. 03
26,0
P.i.[P(04)L(02)]

Ex. 04
18,3
T.g.[P(03)]

Ex. 05
24,1
T.g.[P(04)L(03)]
P.i.[P(07)]

Ex. 06
15,1
P.i.[P(02)]

Ex. 07
27,2
P.i.[P(06)]

Ex. 08
23,0
T.g.[P(05)]
P.i.[P(04)]

Ex. 09
24,2
P.i.[P(04)]

Ex. 10
14,2
P.i.[P(06)]

Ex. 11
22,3
T.g.[P(06)]
P.i.[P(04)]
TOTAIS
11
-
T.g. (P) = 20
T.g. (L) = 03
P.i. (P) = 42
P.i.(L) = 05
TOTAL = 70
S. jurupari
Ex. 01
15,2
T.g.[P(04)]
P.i.[P(10)]

Ex. 02
17,3
T.g.[P(07)]
P.i.[P(13)]
TOTAIS
02
-
T.g.(P) = 11
P.i.(P) = 23
TOTAIS = 34
G. surinamensis
Ex. 01
12,8
T.g.[P(04)]
P.i.[P(05)]

Ex. 02
18,4
P.i.[P(07)]

Ex. 03
15,6
P.i.[P(12)]

Ex. 04
14,1
P.i.[P(06)]

Ex. 05
18,2
T.g.[(P(07)]
P.i.[P(12)]
TOTAIS
05
-
T.g.(P) = 22
P.i.(P) = 65
TOTAIS = 87
P. cf. blochii
Ex. 01
10,8
T.g.[P(11)]
P.i.[P(08)]

Ex. 02
15,6
P.i.[P(06)]

Ex. 03
16,5
T.g.[P(18)]
P.i.[P(12)]
TOTAIS
03
-
T.g.(P) = 29
P.i.(P) = 26
TOTAL = 55
T. chalceus
Ex. 01
15,2
T.g.[P(11)]
P.i.[P(16)]

Ex. 02
12,4
T.g.[P(13)]
P.i.[P(18)]

Ex. 03
08,2
T.g.[L(05)]
P.i.[L(08)]

Ex. 04
06,8
T.g.[L(03)]
P.i.[L(08)]

Ex. 05
06,2
T.g.[L(06)]
P.i.[L(03)]
TOTAIS
05
-
T.g.(P) = 24
T,g.(L) = 14
P.i. (P) = 34
P.i.(L) = 16
TOTAL = 88
Spatuloricaria
 sp.
Ex. 01
18,8
T.g.[P(18)]
P.i.[P(07)]

Ex. 02
19,3
P.i.[P(12)]

Ex. 03
19,6
P.i.[P(03)]

Ex. 04
17,5
P.i.[P(04)]

Ex. 05
19,4
P.i.[P(04)]

Ex. 06
18,2
P.i.[P(07)]

Ex. 07
19,2
T.g.[P(02)]
P.i.[P(04)]

Ex. 08
16,9
P.i.[P(08)]

Ex. 09
17,1
P.i.[P(04)]

Ex. 10
12,6
P.i.[P(06)]

Ex. 11
15,8
T.g.[P(04)]
P.i.[P(07)]
TOTAIS
11
-
T.g. (P) = 36
P.i. (P) = 54
TOTAL = 90

Totais Gerais
37
-
T.g. (P) = 142
T.g. (L) = 17
P.i. (P) = 244
P.i. (L) = 21
TOTAL = 386

* - Interessante observar que todos os exemplares de T. chalceus com tamanho abaixo de 10cm apresentaram apenas larvas (de T. guianense e de P.iracouboense) no trato digestivo.


Tabela 5 - Relação de todos os exemplares de peixes coletados e seus tamanhos com a evidencia dos estádios imaturos de simulideos no trato  digestivo  - (Rio Pitinga – Cachoeira 40 Ilhas – Amazonas – Abril de 1998) (T.g. = Thyrsopelma guianenseP.i. = Psilopelmia iracouboense; C.q. = Coscaroniellum quadrifidum; P = Pupa, L = Larva, NUMERO  DO EXEMPLAR = NUM do EXE; COMPRIMENTO = COMP.; ESPÉCIE DE SIMULIDEO = SP. DE SIM.). 



TAXON
NUM.
DO
 EXE
COMP.
(cm)
SP.DE SIM.
L.fasciatus
Ex. 01
23,0
T.g.[P(02)]

Ex. 02
25,0
T.g. [P(03)]

Ex. 03
22,0
T.g.[P(05)]

Ex. 04
25,8
T.g.[P(04)]

Ex. 05
27,1
T.g.[P(02)]

Ex. 06
24,7
T.g.[P(04)]

Ex. 07
26,0
P.i.[P(05)]

Ex. 08
21,8
T.g.[P(03)]
P.i.[P(04)]

Ex. 09
18,3
T.g. [P(03)]
P.i.[P(04)]

Ex. 10
26,8
T.g.[P(05)]

Ex. 11
24,2
T.g.[P(02)]
T.g.[L(01)]

Ex. 12
15,9
T.g.[P(04)]
T.g.[L(03)]

Ex. 13
24,6
P.i.[P(02)]
TOTAIS
13
-
T.g. (P) = 32
T.g. (L) = 08
P.i. (P) = 12
TOTAL = 52
S. jurupari
Ex. 01
18,2
T.g.[L(04)]

Ex. 02
15,3
T.g.[P(03)]
T.g.[L(02)]

Ex. 03
12,6
T.g.[P(05)]
P.i.[P(03)]

Ex. 04
16,2
T.g. [P(04)]
P.i.[P(07)]
TOTAIS
04
-
T.g.(P) = 12
T.g. (L) = 06
P.i.(P) = 10
TOTAIS = 28
P. cf. blochii
Ex. 01
11,3
T.g.[P(04)]

Ex. 02
14,2
T.g.[L(05)]

Ex. 03
10,1
T.g.[P(03)]
C.q.[L(04)]

Ex. 04
12,8
T.g.[P(03)]
TOTAIS
03
-
T.g.(P) = 10
T.g.(L) = 05
C.q.(L) = 04
TOTAL = 19
M. hypsauchen
Ex. 01
11,5
T.g.[L(03)]

Ex. 02
15,0
T.g.[L(03)]
TOTAIS
02
-
T,g.(L) = 05
TOTAL = 05
Myleus sp.
Ex. 01
04,3
T.g. [L(04)]
P.i. [P(03)]
P.i. [L(02)]

Ex. 02
03,2
P.i. [L(04)]

Ex. 03
02,8
T.g. [P(06)]
T.g.[L(07)]
P.i. [P(01)]
P.i. [L(20)]
TOTAIS
03
-
T.g. (P) = 06
T.g. (L) = 11
P.i. (P) = 04
P.i. (L) = 26
TOTAL = 47
Spatuloricaria
 sp.
Ex. 01
13,2
T.g.[P(12)]

Ex. 02
12,8
T.g..[P(10)]
TOTAIS
02
-
T.g. (P) = 22
TOTAL = 22

Totais Gerais
28
-
T.g. (P) = 82
T.g. (L) = 35
P.i. (P) = 26
P.i. (L) = 26
C.q. (L) = 04
TOTAL = 173

* Observar que para Metynnis hypsauchen os exemplares estiveram entre 1,5 e 15cm e todos apresentaram apenas Larvas de T.guianense, e que para Myleus sp., com exemplares abaixo de 5cm, ocorreram Larvas e Pupas de T.guianense e P.iracouboense.



Tabela 6 - Relação de todos os exemplares de peixes coletados e seus tamanhos com a evidencia dos estádios imaturos de simulideos no trato  digestivo - (Rio Pitinga – Cachoeira 40 Ilhas – Amazonas – Junho de 1998) (T.g. = Thyrsopelma guianenseP.i. = Psilopelmia iracouboense; P = Pupa, L = Larva, NUMERO  DO EXEMPLAR = NUM do EXE; COMPRIMENTO = COMP.; ESPÉCIE DE SIMULIDEO = SP. DE SIM.). 

TAXON
NUM.
DO
 EXE
COMP.
(cm)
SP.DE SIM.
L.fasciatus
Ex. 01
22,3
T.g.[L(01)]

Ex. 02
15,3
T.g. [P(03)]
T.g.[L(01)]
P.i.[P(04)]

Ex. 03
18,7
T.g.[P(01)]
P.i.[P(03)]

Ex. 04
12,6
P.i.[P(02)]
TOTAIS
04
-
T.g. (P) = 04
T.g. (L) = 02
P.i. (P) = 09
TOTAL = 15
S. jurupari
Ex. 01
12,9
T.g.[L(02)]

Ex. 02
16,2
T.g.[L(03)]
P.i.[L(04)]

Ex. 03
14,3
T.g.[P(02)]
TOTAIS
03
-
T.g.(P) = 02
T.g. (L) = 05
P.i.(L) = 04
TOTAIS = 11
P. cf. blochii
Ex. 01
12,7
T.g.[P(02)]
TOTAIS
01
-
T.g.(P) = 02
TOTAL = 02
Hypostomus sp.
Ex. 01
05,2
T.g. [L(03)]

Ex. 02
04,6
P.i. [P(01)]
TOTAIS
02
-
T.g. (P) = 01
T.g. (L) = 03
TOTAL = 04
Totais Gerais
10
-
T.g. (P) = 07
T.g. (L) = 09
P.i. (P) = 09
P.i. (L) = 04
TOTAL = 29

Tabela 7 - Relação de todos os exemplares de peixes coletados e seus tamanhos com a evidencia dos estádios imaturos de simulideos no trato  digestivo  - (Rio Pitinga – Cachoeira 40 Ilhas – Amazonas – Outubro de 1998) (T.g. = Thyrsopelma guianenseP.i. = Psilopelmia iracouboense; C.q. = Coscaroniellum quadrifidum; P = Pupa, L = Larva, NUMERO  DO EXEMPLAR = NUM do EXE; COMPRIMENTO = COMP.; ESPÉCIE DE SIMULIDEO = SP. DE SIM.). 

TAXON
NUM
DO
 EXE.
COMP(cm)
SP.DE SIM.
L.fasciatus
Ex. 01
22,3
T.g.[L(08)]

Ex. 02
21,7
T.g. [P(05)]

Ex. 03
26,8
T.g.[P(06)]
T.g.[L(01)]

Ex. 04
23,1
T.g.[P(03)]

Ex. 05
18,3
T.g.[P(07)]
T.g.[L(04)]

Ex. 06
12,8
T.g.[P(16)]
T.g.[L(04)]

Ex. 07
14,6
T.g.[P(08)]
T.g.[L(03)]

Ex. 08
24,2
T.g.[P(12)]

Ex. 09
22,0
T.g.[P(03)]
P.i.[P(02)]
P.i.[L(02)]

Ex. 10
18,7
T.g.[P(08)]
T.g.[L(02)]

Ex. 11
16,8
P.i.[L(03)]

Ex. 12
22,3
T.g.[P(02)]

Ex. 13
18,8
P.i.[P(06)]
P.i.[L(03)]

Ex. 14
21,3
T.g.[P(12)]
T.i.[L(02)]

Ex. 15
16,2
T.g.[P(08)]
T.g.[L(03)]
P.i.[P(02)]

Ex. 16
14,8
T.g.[P(12)]
T.g.[L(01)]
TOTAIS
16
-
T.g. (P) = 110
T.g. (L) = 20
P.i. (P) = 10
P.i. (L) = 08
TOTAL = 148
Leporinus pachycheilus
Ex. 01
-
T.g.[P(32)]
TOTAIS
01
-
TOTAL = 32
S. jurupari
Ex. 01
17,3
T.g.[P(12)]
T.g.[L(02)]

Ex. 02
12,5
T.g.[P(02)]

Ex. 03
16,3
T.g.[P(06)]

Ex  04
15,2
T.g.[P(06)]

Ex. 05
17,2
T.g.[P(12)]

Ex. 06
13,2
T.g.[P(18)]

Ex. 07
12,3
T.g.[P(04)]
T.g.[L(03)]

Ex. 08
10,2
T.g.[P(05)]
T.g.[L(03)]

Ex. 09
08,7
T.g.[P(12)]

Ex. 10
10,8
T.g.[L(02)]

Ex. 11
17,2
T .g.[P(04)]

Ex. 12
16,1
T.g.[P(03)]
T.g.[L(06)]

Ex. 13
18,2
T.g.[P(10)]

Ex. 14
10,8
T.g.[P(08)]
T.g.[L(03)]

Ex. 15
16,3
T.g.[P(12)]

Ex. 16
11,3
T.g.[P(12)]

Ex. 17
12,6
T.g.[P(21)]

Ex. 18
15,3
T.g.[P(06)]
T.g.[L(02)]

Ex. 19
14,6
P.i.[P(03)]

Ex. 20
12,8
T.g.[P(12)]
P.i.[P(03)]

Ex. 21
16,3
T.g.[P(08)]
T.g.[L(03)]

Ex. 22
17,1
P.i.[L(06)]

Ex. 23
14,3
T.g.[P(02)]
T.g.[L(02)]
P.i.[P(08)]

Ex. 24
12,8
T.g.[P(12)]

Ex. 25
15,2
T.g.[P(14)]
T.g.[L(02)]

Ex. 26
09,6
P.i.[P(03)]

Ex. 27
16,3
T.g.[P(05)]

Ex. 28
10,8
T.g.[P(09)]
TOTAIS
28
-
T.g.(P) = 215
T.g. (L) = 28
P.i. (P) = 17
P.i. (L) = 06
TOTAIS = 266
Geophagus surinamensis
Ex. 01
11,3
T.g.[P(18)]

Ex. 02
10,2
T.g.[P(04)]

Ex. 03
09,8
T.g. [P(12)]
T.g.[L(04)]

Ex. 04
12,3
T.g.[P(10)]

Ex. 05
14,2
T.g.[P(14)]

Ex. 06
10,6
T.g.[L(02)]

Ex. 07
10,4
T.g.[P(04)]

Ex. 08
13,2
T.g.[P(06)]

Ex. 09
15,2
T.g.[P(12)]
T.g.[L(06)]

Ex. 10
12,8
T.g.[P(03)]

Ex. 11
10,2
T.g.[P(06)]
C.q.[L(01)]

Ex. 12
13,4
T.g.[P(08)]
T.g.[L(03)]

Ex. 13
09,6
T.g.[L(01)]

Ex. 14
06,8
T.g.[P(12)]

Ex. 15
14,6
T.g.[P(04)]
T.g.[L(01)]
P.i.[P(12)]

Ex. 16
13,8
T.g.[P(21)]
T.g.[L(08)]

Ex. 17
08,6
T.g.[P(14)]
T.g.[L(06)]
TOTAIS
17
-
T.g. (P) = 148
T.g. (L) = 31
P.i. (P) = 12
C.q. (L) = 01
TOTAL = 192
P. cf. blochii
Ex. 01
10,3
T.g.[P(06)]

Ex. 02
11,2
T.g.[P(03)]

Ex. 03
10,1
T.g.[L(02)]

Ex. 04
12,7
T.g.[P(03)]

Ex. 05
18,6
T.g. [P(08)]
T.g.[L(03)]
TOTAIS
05
-
T.g.(P) = 20
T.g. (L) = 05
TOTAL = 25
Metynnis hypsauchen
Ex. 01
10,8
T.g. [L(02)]

Ex. 02
11,6
T.g. [P(02)]
TOTAIS
03
-
T.g. (P) = 02
T.g. (L) = 02
TOTAL = 04
Myleus schomburgki
Ex. 01
22,3
T.g. [P(32)]
T.g.[L(12)]
TOTAIS
01
-
T.g. (P) = 32
T.g. (L) = 12
TOTAL = 44
Hypostomus sp.
Ex. 01
05,2
T.g. [L(02)]

Ex. 02
04,6
T.g. [L(01)]
TOTAIS
02
-
T.g. (L) = 03
TOTAL = 03
Totais Gerais
72
-
T.g. (P) = 561
T.g. (L) = 99
P.i. (P) = 39
P.i. (L) = 14
C.q. (L) = 01
TOTAL = 714



Dentro dos 37 exemplares de peixes com presença de simulídeos (em janeiro de 1998) podemos observar que para pupas (total 386), 63,21% (244) foram de P.iracouboense e 36,79% (142) foram para T.guianense. Uma nítida maior disponibilidade (?) da primeira espécie (pode também e/ou estar relacionado com a topografia de fixação das pupas nas plantas (Podostemaceae). Estes aspectos relacionais foram desenvolvidos em outro trabalho feito por outra aluna. A grande preferência pelo estágio pupal em relação ao larval evidencia que os peixes estão se alimentando diretamente nos substratos de fixação dos simulideos (preferencialmente Podostemaceae) em vez de estarem explorando (para simulideos) os indivíduos flutuantes no meio líquido (por.exemplo, as larvas quando em deslocamento entre plantas). Os números de larvas foram relativamente pequenos e muito próximos entre as duas espécies (T.guianense = 17 e P.iracouboense = 21), não permitindo alguma conclusão comparativa.




Tabela 8 - Comparação apenas entre 3 espécies de peixes que apareceram com simulídeos em todos os quatro meses.



Se observarmos, na Tabela 8 podemos ver as diferenças quanto as quantidades dos itens (estágios dos simulideos) alimentares e a relação com a dinâmica hídrica sazonal do curso d´água (?):


Tabela 9 - Totais e percentagens de larvas e pupas de simulideos nos conteúdos digestivos dos peixes (somatórios das quatro coletas) – Rio Pitinga – Cachoeira 40 Ilhas – Amazonas (1998)

ESPÉCIE
DE
PEIXE
ESPÉCIE DE SIMULIDEO
 PUPA E LARVA
%
Leporinus fasciatus
(44 ex.)
T.guianense
P (166 ) + L (33 ) = 199
69,82

P.
iracouboense
P (73 ) + L (13 ) = 86
30,18


TOTAL = 285

Leporinus pachycheilus
(01 exe.)
T.guianense
P (32)
100


TOTAL = 32

Satanoperca jurupari
(37 exe.)
T.guianense
P (240) + L (39) = 279
82,30

P. iracouboense
P (50) + L (10) = 60
17,70


TOTAL = 339

Geophagus surinamensis
(22 exe.)
T.guianense
P (170) + L (31) = 201
72,04

P. iracouboense
P (77) = 77
27,60

C. quadrifidum
L (01) = 01
0,36


TOTAL = 279

Pimelodus cf blochii
(13 exe.)
T.guianense
P (61) + L (10 ) = 71
70,30

P. iracouboense
P (26) = 26
25,74

C.
quadrifidum
L (04) = 04
3,96


TOTAL = 101

Spatuloricaria sp.
(13 exe.)
T.guianense
P (58) = 58
51,79

P. iracouboense
P (54) = 54
48,21


TOTAL = 112

Hypostomus sp.
(04 exe.)
T.guianense
P (01) + L (06 ) = 07
100


TOTAL = 07

Tetragonopterus chalceus
(05 exe.)
T.guianense
P (24) + L (14) = 38
43,18

P. iracouboense
P (34) + L (16) = 50
56,82


TOTAL = 88

Metynnis hypsauchen
(09 exe.)
T.guianense
P (02) + L (07) = 09
100


TOTAL = 09

Myleus sp.
(03 exe.)
T.guianense
P (06) + L (11) = 17
36,17

P. iracouboense
P (04) + L (26) = 30
63,83


TOTAL = 47

Myleus schomburgki
(01 exe.)
T.guianense
P (32) + L (12) = 44
100


TOTAL = 44

TOTAIS GERAIS

(151exe.)
T.guianense
P. iracouboense
C.
quadrifidum
955
383

05

TOTAL = 1343
71,11
28,52

0,35


Tabela 10 – Percentagens e totais proporcionais entre as espécies de peixes com simulídeos no trato digestivo e os números de exemplares por espécie de simulídeo.



Satanoperca jurupari foi a espécie de peixe que maior numero total (339 exemplares)de simulideos apresentou no trato digestivo.
Em apenas três espécies de peixes [Leporinus fasciatus (285 => 21,22%), Satonoperca jurupari (339 => 25,24%), Geophagus surinamensis (279 => 20,75%) ocorreram 67,21% (903 exemplares) do total de simulideos coletados nos tratos digestivos.
Em Myleus sp. o maior número (30 exemplares) de imaturos foi de Psilopelmia iracouboense, sendo que em todas as outras  foi de T. guianense. O maior número de T. guianense ocorreu em Satanoperca jurupari.

Do total (1343 exemplares) de formas imaturas de simulideos coletadas nos tratos digestivos, T. guianense representou 71,11% (955 exemplares), P. iracouboense representou 28,52% (383 exemplares) e C.quadrifidum representou 0,37% (05 exemplares).

 As espécies Leporinus fasciatus (33L / 166P), Satanoperca jurupari (39L / 240P) e Geophagus surinamensis (31L / 170) foram as que apresentaram o maior número tanto de larvas como de pupas de T.guianense no trato digestivo. A espécie Myleus sp. (26L) foi a que apresentou o maior número de larvas de P.iracouboense no trato digestivo. As espécies de Leporinus fasciatus (73P) e Geophagus surinamensis (77P) foram as que apresentaram o maior número de pupas de P. iracouboense no trato digestivo. 



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