quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Parte I - Introdução - Peixes/Simuliidae

"Ictiofauna predadora de imaturos de piuns/borrachudos (Diptera:Simuliidae) em dois locais da Amazônia Brasileira." (1/4)


Como conseqüência do Macro-Projeto:Thyrsopelma guianense (Diptera:Simuliidae), vetor da filaria Onchocerca volvulus – dentro do Programa de Capacitação Institucional – PCI, bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, foram desenvolvidos cinco Projetos: - Relações tróficas na fase de imaturos, desenvolvido (durante os anos de 1998-1999) pela bolsista Andréa Augusta Rodrigues Colás Amaral (que trata desta publicação); - Entomofauna Associada aos Imaturos (larvas / pupas) e suas relações tróficasCaracterização da alimentação na fase de larvaRelações entre os parâmetros físico-químicos dos criadouros e estágios larval e pupa; e Dinâmica da atividade hematofágica, preferência tópica e estado reprodutivo das fêmeas.  Todas as bolsistas foram orientadas pela minha pessoa (V.Py-Daniel).   

Este texto, figuras e tabelas, em geral, fazem parte do relatório  da bolsista Andréa Augusta Rodrigues Colás Amaral, sendo evitado, ao máximo, transformar (atualizar) as associações bibliográficas, no sentido de manter a característica dos dados para o ano da apresentação do relatório final (1999), mesmo assim foram acrescentadas bibliografias e comentários mais recentes pela necessidade de atualizar a nomenclatura taxonômica, e obrigatoriamente tiveram que ser adicionadas algumas outras bibliografias relacionadas (resultantes) do mesmo Macro-Projeto, no sentido de fluir a discussão do mesmo.

Este trabalho, na época do seu desenvolvimento, foi feito pelo Laboratório de Limnoentomologia, pertencente a Coordenação de Pesquisas em Entomologia (CPEN) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

O trabalho é apresentado em quatro postagens sequenciais , tendo em vista que o volume dos dados ficou muito grande, impossibilitando uma única postagem, assim todas estas postagens devem ser aceitas como um só trabalho.


Colaboraram ativamente nos serviços de campo e laboratório o biólogo Ulysses Carvalho Barbosa o estudante de biologia Orlando dos Santos Silva, e Eliseu Lima Junior, e que agora também assinam trabalho.


Ictiofauna predadora de imaturos de piuns / borrachudos (Diptera : Simuliidae) em dois locais da Amazônia Brasileira.


Amaral, A.A.R.C1; Py-Daniel,V.2; Barbosa,U.C.3; Silva,O.S.3; Lima, E.S4.

_____________________________

1 – bolsista do CNPq-PCI (INPA)
2* – Universidade de Brasilia , ICB/ZOO , Laboratório de Entomologia Forense.
3 – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) , CSAS, Laboratório de EtnoEpidemiologia e EtnoEcologia (LETEP).
4* – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, (INPE/CRH/DGP)
(* = anteriormente no INPA/CSAS/LETEP)

Palavras Chave: Ictiofauna; Predação; Simuliidae; imaturos; Oncocercose, Amazonas, Roraima, Brasil.

RESUMO


Durante os anos de 1998-1999 foram estudados os conteúdos digestivos de peixes coletados em dois locais em rios amazônicos brasileiros: rio Pitinga, Cachoeira 40 Ilhas, no estado do Amazonas e rio Jauaperi, Cachoeira Travessão, no estado de Roraima. No rio Pitinga, foram encontradas 3 espécies de simulídeos (Thyrsopelma guianense, Psilopelmia iracouboense e Coscaroniellum quadrifidum) nos tratos digestivos dos peixes coletados. No rio Pitinga foram assinaladas 11 espécies dos peixes com simulideos no trato digestivo  [Leporinus fasciatus (Bloch,1794), Leporinus pachycheilus (Britski,1976), Myleus schomburgki (Jardine & Schomburgk,1841), Myleus sp., Metynnis hypsauchen (Müller & Troschel,1844), Tetragonopterus chalceus  (Spix & Agassiz,1829), Pimelodus cf. blochii, Hypostomus sp., Spatuloricaria sp., Geophagus surinamensis  (Bloch,1891), Satanoperca jurupari (Heckel,1840)]. Todas as espécies de peixes predaram T.guianense. Algumas espécies de peixes apresentaram diferenças estatisticamente significativas para predar pupas e outras larvas. No rio Jauaperi, foram encontradas 3 espécies de simulídeos (Thyrsopelma guianense, Psilopelmia iracouboense, Cerqueirellum sp.) nos tratos digestivos dos peixes coletados. No rio Jauaperi, também foram assinaladas 11 espécies de peixes com simulídeos (larvas/pupas) no trato digestivo [Leporinus fasciatus, Geophagus sp., Geophagus proximus (Castelnau,1855), Crenicichla cf. hummelincki, Myleus pacu (Jardine & Schomburgk,1841), Hypostomus sp., Spatuloricaria sp., Bryconops caudomaculatus (Günter, 1864), Roeboides myersii Gill,1870, Cetopsidium minutum (Eigenmann,1912),  Ossancora sp.). Quatro espécies de peixes predaram T. guianense (L. fasciatus, Myleus pacu, Hypostomus sp., Ossancora sp.). No Jauaperi também ocorreram diferenças estatisticamente significativas quanto a predação de larvas e outras para predar pupas de simulideos. As espécies de peixes Leporinus fasciatus, Hypostomus sp. e Spatuloricaria sp. predaram imaturos de simulideos tanto no rio Pitinga como rio Jauaperi. 



INTRODUÇÃO





Os simulídeos são dípteros pequenos, geralmente de cor escura, conhecidos popularmente, no Brasil, como piuns ou borrachudos. As fêmeas são hematófagas e algumas espécies antropófilas, tornam-se sérias pragas em locais onde são abundantes devido à voracidade, causando, por meio da  picada inchaços  e alergias secundárias. Os estágios imaturos dos simulídeos estão confinados a cursos d´ água  corrente (CROSSKEY, 1990). Para a postura dos ovos, as fêmeas desenvolvem várias estratégias de atividades de oviposição, adaptando-se as estações do ano, condições atmosféricas, habitat do tipo água corrente e posição ao longo do rio, particularmente na presença ou ausência de substratos apropriados nos quais depositam seus ovos. Segundo (KIN & MERRITT, 1987) dependendo das espécies, as fêmeas colocam os ovos preferencialmente em pequenos córregos com bastante fluxo de água, procuram lugares onde se acham plantas herbáceas, folhas secas, raízes superficiais, galhos ou pedras, assim como podem depositar seus ovos diretamente na superfície da água. 


Na região norte do Brasil (Terra Indígena Yanomami e Ye´kuana) é assinalada a presença da filária Onchocerca  volvulus (Leuckart, 1893), que na fase adulta  pode formar nódulos subcutâneos  (oncocercomas). A presença de microfilárias na pele causa dermatite com prurido intenso. Alcançando o globo ocular, determinam distúrbios visuais ou cegueira. Esta doença, originária do continente africano, é também conhecida como a “cegueira dos rios“. É transmitida ao homem através da picada de insetos hematófagos da família Simuliidae.


Segundo a Organização Mundial de Saúde, 85 milhões de pessoas no mundo estavam sujeitas a infecção por Onchocerca volvulus, e destas 18 milhões já estavam infectadas com a doença, sendo que aproximadamente 1 milhão já apresentavam problemas visuais (River Blindness Foundation, 1993).


A maioria dos casos de oncocercose se concentra na África, onde existiam aproximadamente 500 mil pessoas cegas devido a infecção por Onchocerca volvulus. No continente americano envolvendo o México, Guatemala, Equador, Colômbia, Venezuela e Brasil, existiam 5,25 milhões de pessoas que corriam o risco de se infectarem e estima-se que 97 mil pessoas estivessem infectadas  com aproximadamente 1.500 pessoas cegas devido a doença. (River Blindness Foundation, 1993).


Moraes et. al. (1973) constataram a existência da doença sob forma endêmica nos Yanomami e estudos realizados ao longo do rio Toototobi afluente do rio Demini no norte do Estado do Amazonas. Outros inquéritos epidemiológicos, em várias localidades da área Yanomami no Brasil e na Venezuela, revelaram que a doença possuía uma distribuição bastante extensa, porém nem todo grupo estava afetado. Foi detectado que os maiores prevalências de infecção, ocorriam na região sul da Serra do Parima (Moraes 1985, in Yarzabal et. al. 1985).

Nos últimos anos várias comunidades com a presença da doença foram assinaladas, através de levantamentos epidemiológicos entre os índios Yanomami e Ye`kuana (Moraes et. al. 1973, Yarzabal et. al. 1985, Py-Daniel ,1997).


No Brasil, dentro da Terra Iindígena Yanomani as áreas de maior prevalência de oncocercose até o momento, são as que abrangem os Polos Base de Xitei/Xidea (63,4%), Tukuxim (85,1%), Balawa-ú (75,7%), Surucucus (80,6%), Toototobi (56,3%) e Homoxi (88,9%) (Py-Daniel, 1997).


No foco de oncocercose dentro da área, há uma ou mais espécies antropófilas de simulídeos que predominam nitidamente sobre as outras. Dentre estas espécies há aquelas que já foram assinaladas, em diferentes lugares, como vetoras da oncocercose por meio de outros inquéritos realizados pelo grupo de Entomologia do Programa de Eliminação da Oncocercose do Brasil.

As espécies de simulídeos encontradas nos Polos Base da Terra Indígena Yanomami envolvidas em antropofilia foram:


Thyrsopelma guianense (Wise,1911)
Psaroniocompsa incrustata (Lutz,1910)
Psaroniocompsa sp.A
Cerqueirellum oyapockense (Floch & Abonnenc,1946)
Cerqueirellum roraimense (Mello, 1974)
Cerqueirellum argentiscutum (Shelley & Dias, 1980)
Notolepria exiguua (Roubaud,1906)
Ectemnaspis bipunctata (Malloch, 1912)
Ectemnaspis lutziana (Pinto, 1931)
Hemicnetha paynei (Vargas, 1942)
Hemicnetha rubrithorax (Luz, 1909)

Dentro dos levantamentos durante os anos de 1993 – 1996 (Py-Daniel, 1997) a espécie Thyrsopelma guianense (Wise,1911) foi determinada como a principal vetora da filária Onchocerca volvulus no Brasil.

Visando obter dados que auxiliassem em um possível controle integrado, tornou-se necessário obter informações que caracterizassem as interações tróficas, dos possíveis predadores de larvas e pupas de Thyrsopelma guianense.

Na literatura brasileira, referente a simulídeos, verificou-se grande carência de pesquisas, sendo que as poucas contribuições científicas brasileiras são de: Gorayeb & Pinger (1978) predadores naturais das larvas de Simulium  fulvinotum [= Ectemnaspis rorotaense (Floch & Abonnenc, 1946)], Py-Daniel & Py-Daniel (1984) predação de simulídeos  por Spatuloricaria evansi, Dellome Filho (1985) relata constatação de larvas e pupas de simulídeos no conteúdo estomacal de peixes dos gêneros Microglanis, Heptapterus, Characidium, Coridoras, Pseudancistrus e Rineloricaria (Sato,1986) sobre peixes predadores de simulídeos , Mardini (1988) ocorrência de larvas de simulídeos no conteúdo estomacal de peixes, Darwich & Py-Daniel (1989) predadores e foresia (ocasional) e Andrade & Py-Daniel (1992) sobre predação de Simuliidae por outros insetos (odonata).


Diante deste fato, foram necessários mais estudos para uma melhor compreensão de predadores naturais de simulídeos, no sentido de agregar dados para os métodos de controle das espécies vetoras.


A concepção do presente trabalho se insere justamente em contribuir para geração e ampliação de informações da cadeia trófica no que abrange as interações peixes / imaturos de simulídeos, no sentido de fornecer subsídeos para um possível controle integrado, já que segundo Sato (1986) a utilização de controle químico (inseticida Temephos) tem um alto custo e se usado por um longo período os simulídeos adquirem resistência natural  e proporciona destruição ambiental.


Baseando-se nessas informações, e acreditando-se na hipótese de que deveriam existir, nas regiões dos rios Pitinga (Amazonas) e Jauaperi (Roraima), espécies de peixes utilizáveis no controle de simulídeos, conduziu-se o presente trabalho  com o objetivo de identificar as melhores espécies  de peixes predadoras de larvas e pupas de simulídeos, através  da análise do conteúdo digestivo.


Estudos sobre atividade de picada de Thyrsopelma guianense, nestas mesmas áreas estudadas, formam desenvolvidos por (Py-Daniel,V. et. al., 1999), reforçando a importância das informações tróficas. Em outra área (Terra Indígena Yanomami & Ye´kuana), em Roraima, denominada Polo de Saúde Xitei/Xidea, localizada na divisa com a Venezuela, foram feitos estudos mais completos sobre a transmissão, atividade de picada, estado fisiológico e relações com fatores climáticos (Py-Daniel,V. et.al., 2000).



OBJETIVO GERAL


Estudo da Cadeia Trófica que abrange os imaturos de simulídeos (Diptera: Simuliidae), nos rios Pitinga - Amazonas e Jauaperi - Roraima.




OBJETIVOS ESPECÍFICOS



1. Obter o levantamento taxonômico das espécies de peixes existentes no local, associados aos imaturos de simulídeos;
2. Examinar o conteúdo digestivo de peixes evidenciando os imaturos de simulídeos;
3. Identificação das espécies de simulídeos, encontradas no conteúdo digestivo.
4. Correlacionar as interações tróficas entre a ictiofauna e os imaturos de simulídeos.
5. Correlacionar, proporcionalmente, a contribuição de cada grupo (família gênero / espécie) de peixe no uso alimentar dos imaturos de simulídeos.




MATERIAL E MÉTODOS



Os objetivos propostos neste trabalho, foram efetivados em duas áreas de estudos: A - Cachoeira 40 Ilhas (59o34´24” O / 00o 53´20” S, no Rio Pitinga) no estado do Amazonas, e B - Cachoeira Travessão (60o 29´49” O / 00o 28´48” N, no Rio Jauaperi) no estado de Roraima.  O mapa que apresenta estas duas áreas, para melhor visualização, está em Gomes, S.A.G et al. (2002).


Áreas de Estudo


Os objetivos propostos neste trabalho, foram efetivados em duas áreas de estudos: A - Cachoeira 40 Ilhas (59º34´24”  O / 00o53´20” S, no Rio Pitinga) no estado do Amazonas, e B - Cachoeira Travessão (60o 29´49” O / 00o28´48” N, no Rio Jauaperi) no estado de Roraima.  O mapa que apresenta estas duas áreas, para melhor visualização, está em Gomes, S.A.G et al. (2002).


Os principais motivos que levaram a escolha destas áreas foram: 1. grande número de criadouros de simulideos, 2. presença de T. guianense e 3.  Por permitir comparações faunísticas entre duas áreas sob alterações ambientais diferenciadas (1. Pitinga, com nítida influencia das alterações hídricas causadas pela construção da hidroelétrica e 2. Jauaperi, sem alterações hídricas visíveis, e relativamente, protegida).

Figura 1 - Cachoeira 40 Ilhas / Rio Pitinga - Amazonas


Figura 2 - Cachoeira Travessão / Rio Jauaperi - Roraima

COLETAS
As coletas de peixes, no Rio Pitinga, foram realizadas nos meses janeiro, abril, julho e outubro de 1998) com uma média de 5 dias de coleta por mês (Figuras 1,3,4,5,6) , enquanto que no Rio Jauaperi (Figuras 2,7,8), foram realizadas nos meses de março, junho e setembro de 1999. As atividades iniciavam-se geralmente às 8 horas e finalizavam às 17 horas. Todas as anotações foram feitas em uma caderneta de campo com as devidas identificações de datas e coletas.


Figura 3 – Aspecto parcial do Rio Pitinga / 40 Ilhas, mostrando o ambiente no mês de janeiro/98, onde se mostrava alterado devido a queda do barranco nas águas.


Figura 4 – Aspecto do Rio Pitinga / 40 Ilhas, referente a segunda coleta onde se mostrava equilibrado, iniciava-se o período da cheia, onde a concentração de oxigênio é menor e o volume de água aumentando cobrindo grande parte dos substratos disponíveis.


Figura 5 – Aspecto do Rio Pitinga / 40 Ilhas, referente a terceira coleta, que demonstra o auge do período de cheia, onde o oxigênio do ambiente diminui, os substratos ficaram mais cobertos e a coleta de peixes sendo menor.


Figura 6 – Aspecto do Rio Pitinga / 40 Ilhas, referente a quarta coleta, onde deu inicio a seca, a densidade da população de imaturos de simulideos foi bem maior no que nas demais coletas. Foi possível capturar um número significativo de espécies de peixes.


Figura 7 – Aspecto do Rio Jauaperi / Cachoeira Travessão.  Aspecto parcial, mostrando a vegetação marginal, substrato dos imaturos dos simulideos, primeira coleta, março de 1999.


Figura 8 – Aspecto do Rio Jauaperi / Cachoeira Travessão, no mês de junho de 1999, referente a segunda coleta.


CAPTURA DOS EXEMPLARES


Utilizou-se para captura, malhadeiras de vários tamanhos (15,0 a 16,0 metros de comprimento e 2,0 a 3,0 metros de altura com malhas variando de 30 a 40 nó a nó esticadas, Figura 9.), tarrafas (2,0 metros de altura e 30mm nó a nó esticada, Figura 10.) e puçá com armação de ferro e tela de "nylon" (Figura 11.) , na ocasião notou-se a presença ou não de simulídeos no local da captura (tanto com atividade hematofágica como dos imaturos na água).
Uma parte dos peixes capturados foi inicialmente lavada em água corrente e em seguida foram anotados os comprimentos padrões (utilizando uma régua comum de 50 cm). Foram retirados exemplares de cada espécie coletada para serem fixados em formol a 10% e preservados em álcool 70% e separados por data e local de coleta e transferidos para o laboratório do INPA. A identificação das espécies dos peixes foi feita tanto com base na literatura como na consulta a especialistas.
Nos demais exemplares de peixes, foram retirados os tratos digestivos no local da coleta, através de um corte longitudinal no abdome, sendo seccionados com cuidado o intestino e o estômago e acondicionados em saquinhos plásticos e preservados em álcool 70% com a devida identificação (Figura 12.), depois recolhidos numa caixa de isopor e transferidos para o laboratório  do INPA em Manaus.


Figura 9 – Utilização de malhadeiras para capturas dos peixes


Figura 10 – Utilização de tarrafas para captura de peixes


Figura 11 – Utilização de rapichés (puçás) para coletas de peixes nos criadouros de simulideos.

LABORATÓRIO

Os conteúdos foram retirados dos saquinhos e transferidos para vidros pequenos identificando (data, local, espécie de peixe) (Figura 13.).  Com o auxílio de um estereomicroscópio, foi feita a separação (Figura 14.) e identificação dos imaturos de simulídeos (larva/pupa), encontrados no conteúdo digestivo dos peixes coletados. Para o trabalho de identificação dos insetos do conteúdo digestivo, serviram como suporte os trabalhos de Borror e Delong (1964) e Newbury, R.W. (1984) e Merrit R.W., Ross, D.H.: Peterson , B.V. (1978).


Figura 12 – Interior da caixa de isopor destacando os conteúdos digestivos de peixes, acondicionados em sacos plásticos.

Figura 13 – Vidros com estômagos e intestinos das espécies de peixes, separados por data de coleta e exemplar.

Figura 14 – Vidros identificados com larvas e pupas de simulídeos, separados por espécie.



RESULTADOS E DISCUSSÃO



1.    RIO PITINGA / 40 ILHAS – AMAZONAS (1998)


Os dados aqui apresentados são referentes a um total de 4 coletas trimestrais (janeiro,  abril , julho e outubro / 98) no Rio Pitinga / Amazonas (Tabelas 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10), onde foi capturado um total de 515 exemplares de peixes pertencentes a 11 famílias, 23 gêneros e 29 espécies, sendo as famílias Anostomidae e Cichlidae as mais abundantes e as famílias Sciaenidae e Ctenolucidae as menos abundantes durantes as coletas (Tabelas 1a,1b.1c). Foram analisados os conteúdos digestivos de todas as espécies coletadas para determinar quais eram os predadores das formas imaturas (larvas e pupas) de simulídeos.


Entre as famílias coletadas, seis (6) delas apresentaram formas imaturas de simulídeos do seus conteúdos digestivos (Tabela 2,3,  Figura 15.), sendo as famílias Anostomidae e Cichlidae que apresentaram maior número de indivíduos com simulídeos nos seus conteúdos digestivos.

Encontramos em 11 espécies de peixes com formas imaturas de simulídeos (larvas e / ou pupas). As espécies  que apresentaram presença de imaturos de simulídeos foram: Leporinus fasciatus  (Figura 16), Leporinus pachycheilus, (Figura 17), Myleus schomburgki (Figura 18.), Myleus sp. (Figura 19.), Metynnis hypsauchen (Figura 20.), Tetragonopterus chalceus (Figura 21.), Pimelodus cf. blochii (Figura 22.), Hypostomus sp. (Figura 23.), Spatuloricaria sp. (Figura 24.), Geophagus surinamensis (Figura 25.) e Satanoperca jurupari (Figura 26.).

Hocking & Pickering (1954) referem-se a Coregonus clupeaformis (Salmonidae) como predador de simulídeos no Canadá. No Rio Grande do Sul (Brasil), Strieder (1985), encontrou três espécies predadoras nos gêneros Rhamdia e Heptapteus (Pimelodidae) e Rineloricaria  (Loricariidae) Em Goiás (Brasil) Py-Daniel & Py-Daniel (1984) encontraram cinco exemplares de Spatuloricaria evansi (Loricariidae) com pupas de simulídeos no conteúdo entérico e levantaram a possibilidade do uso deste peixe no controle biológico.

Em nosso trabalho as espécies, respectivamente Spatuloricaria sp. e Satonoperca jurupari apresentaram o maior número de indivíduos com simulídeos nos seus conteúdos digestivos (Tabela 2; Figuras 24 e 26): Proporcionalmente as espécies Myleus schomburgki (100%), Tetragonopterus chalceus (100%), apresentaram maior número de indivíduos com simulídeos (Tabela 2.).

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